Sem assumir responsabilidades, ricos não terão credibilidade para cobrar os demais, diz Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrou as nações ricas nesta terça-feira (19) para que antecipem as suas metas de redução de emissões de gases nocivos ao meio ambiente, sob o risco de perderem a credibilidade perante os demais países.
As declarações foram dadas na terceira sessão da cúpula de chefes de Estado do G20, bloco que reúne as maiores economias do mundo, além da União Europeia e a União Africana.
"Aos membros desenvolvidos do G20, proponho que antecipem suas metas de neutralidade climática de 2050 para 2040 ou até 2045. Sem assumir suas responsabilidades históricas, as nações ricas não terão credibilidade para exigir ambição dos demais", afirmou o presidente brasileiro.
O terceiro encontro da cúpula foi dedicado à discussão sobre desenvolvimento sustentável e transição energética, prioridades da presidência brasileira do bloco.
Outra prioridade, o combate à fome e à pobreza, havia sido o tema da sessão de abertura, nesta segunda (18), que marcou o lançamento da iniciativa brasileira Aliança Global. Houve também uma reunião para tratar da reforma da governança global.
Apesar de pedir a antecipação das metas das nações ricas, a declaração final da cúpula do Rio de Janeiro manteve a menção às metas previamente estabelecidas.
"Nós reiteramos nosso compromisso e intensificaremos nossos esforços para alcançar emissões líquidas globais zero de gases de efeito estufa/neutralidade de carbono até metade do século", diz trecho do comunicado.
Lula cobra constantemente as nações ricas, em particular para que financiem as ações para combater a mudança climática. Ele também voltou a defender em seu discurso, o "princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas".
O presidente defendeu ainda que compromissos mais firmes sejam acordados durante a COP29, que está sendo realizada neste momento em Baku. No Azerbaijão, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática entra na reta final com a missão de alcançar consenso entre quase 200 países sobre uma nova meta global de financiamento do clima.
No próximo ano, o Brasil vai presidir a COP 30, que será realizada em Belém, no Pará. O presidente diz que a conferência em território brasileiro será a "última chance"
"Não podemos adiar para Belém a tarefa de Baku. A COP30 será nossa última chance de evitar uma ruptura irreversível no sistema climático. Conto com todos para fazer de Belém a COP da virada", diz Lula.
Em seu discurso, o chefe do Executivo pede uma governança climática mais forte. "Não faz sentido negociar novos compromissos se não temos um mecanismo eficaz para acelerar a implementação do Acordo de Paris."
A cúpula do G20, realizada no Museu de Arte Moderna, no Rio de Janeiro, é o ato final da presidência brasileira do bloco.
Participam 55 chefes de Estado ou representantes de organizações Internacionais. Entre eles estão Xi Jinping (China), Joe Biden (Estados Unidos), Emmanuel Macron (França), Ursula von der Leyen (União Europeia) e Javier Milei (Argentina).