Sem acordo, Samba de São Lázaro é suspenso e aguarda nova reunião para definir destino do evento na Federação
A reunião entre os organizadores do Samba de São Lázaro e os órgãos públicos, entre eles, Transalvador, Polícia Militar, Sedur e vereadores da capital baiana, não foi de saldo positivo para o evento que acontece tradicionalmente toda sexta-feira em frente a Igreja de São Lázaro, na Federação.
Ao BN, Thiago da Silva, um dos organizadores do evento, contou que a reunião realizada nesta terça-feira (26) não conseguiu solucionar a questão do horário da realização da festa, uma das principais demandas para a realização do evento.
“A gente teve uma conversa com todos os órgãos, tanto a Transalvador, a Polícia Militar e a coordenadora da Sedur, para a gente poder organizar lá o samba. Nesta sexta a gente não vai ter. Já tirei documentos, tudo que é preciso, mas assim, não vai ter. Não se chegou a um acordo com a questão do horário. Nas outras coisas, eles disseram que apoiam a gente, agora a questão do horário, vai continuar das 20h às 22h, o que não é viável para a gente.”
Para Thiago e para os comerciantes que atuam na festa, colocar toda mercadoria disponível para apenas duas horas de samba é uma perda de material.
“Não adianta a gente comprar gelo, investir em pessoas para trabalhar com a gente, ter esse gasto todo e na hora ter o samba só de duas horas de relógio.”
Os documentos aos quais Thiago se refere são os alvarás para a realização da festa. O BN teve acesso aos documentos que foram deferidos no nome do evento, Samba de São Lázaro. A festa tem a autorização da Semop para o uso do solo, da Secis, da Limpurb e da Sedur. Quanto à Transalvador e a Semob, o evento teve dispensa de aprovação.
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Ao BN, Thiago revelou que ainda não há uma data definida para a nova reunião, mas que irão continuar buscando apoio para não deixar o samba morrer.
“Eles vão marcar ainda a data e horário para a gente poder ver, mas ele não falou a data específica. Estamos tentando buscar apoio com outras autoridades, mas até agora a gente não conseguiu. É como a gente passou para o vereador que estava lá, desde o começo do nosso samba a gente não teve ajuda de ninguém, são sempre os pessoal do isopor e os barraqueiros que ajudam a gente. Nos juntamos para arcar com esse custo de banda, segurança, limpeza, a gente não teve algo nenhum. Até o documento da prefeitura a gente teve que tirar dinheiro do nosso bolso para poder pagar.”
No domingo (24), os organizadores criaram uma petição pública para ajudar a manter o evento. A peça já conta com mais de mil assinaturas e nas redes sociais o público pede para que o evento seja mantido.
O Samba de São Lázaro começou de forma tímida, em uma movimentação dos barraqueiros da região que enxergaram um público nos movimentos estudantis da UFBA. O local em frente a igreja e ao campus da universidade era ocupado por estudantes para fazer calouradas.
Por ali, o movimento na região cresceu antes mesmo da pandemia e São Lázaro já era um lugar para se estar. No período pós pandêmico, a festa na região ganhou a adesão do público geral e se tornou a sensação da cidade, com a adesão dos empreendimentos locais e a chegada da música na rua.
Um dos pedidos dos organizadores para que a festa continue com o seu propósito inicial é o consumo no comércio local. Desta forma, eles pedem sempre para que não levem cooler e comprem dos mais de 30 comerciantes que atuam por ali.
“O abaixo assinado continua disponível e a gente conta com o apoio do público para tentar manter o nosso samba.”