Para além do axé: 1ª exibição do filme 'WR Discos – Uma Invenção Musical' retrata magia dos bastidores da música baiana

Em vez do glamour dos palcos, o documentário "WR Discos – Uma Invenção Musical" direciona os holofotes para os bastidores da música baiana. A produção, que levou 12 anos para ser finalizada e teve sua primeira exibição em Salvador, narra a história do estúdio WR Discos, fundado em 1975 por Wesley Rangel.
O filme, premiado no LABRIFF - Los Angeles Brazilian Film Festival e ovacionado no XX Panorama Internacional Coisa de Cinema, revela a ficha técnica de álbuns icônicos gravados em Salvador. Segundo Nuno Penna, diretor do longa, o objetivo é mostrar a essência do fazer musical e desvendar os bastidores da gravadora, contando com o depoimento de Wesley Rangel, falecido em 2016.
O documentário expõe como a WR revolucionou a produção musical na Bahia, através de entrevistas com técnicos, produtores e músicos, incluindo nomes como Nestor Madrid, Vivaldo Menezes, Cesinha, Tony Mola e integrantes da banda Acordes Verdes. Intérpretes de grandes sucessos, como Carlinhos Brown, Daniela Mercury, Bell Marques, Luiz Caldas, Gerônimo, Lazzo Matumbi, Margareth Menezes, Roberto Mendes e Olodum, também compartilham suas experiências.
A exibição do filme promoveu um reencontro emocionante entre ex-funcionários da WR, a família de Rangel e a equipe de produção. O público pôde relembrar a importância do estúdio, que transcendeu o rótulo de "casa do axé" e se consolidou como um espaço de portas abertas para a música baiana em geral.
Os depoimentos revelam a generosidade de Rangel e sua influência em diversas carreiras, como a criação da Timbalada por Carlinhos Brown e a decisão de Bell Marques de gravar todos os discos do Chiclete na WR. O documentário destaca a diversidade musical presente no estúdio, que abrigou gravações de reggae, rock, jazz, samba-chula e forró.
O filme mostra como a WR captava a essência da música baiana, algo que estúdios internacionais não conseguiam replicar. A técnica desenvolvida por Rangel para gravar a percussão baiana permitiu que a música dos blocos afro ganhasse projeção mundial.
Nuno e Maíra, diretores do longa, conseguem mostrar a magia da música ao dar voz a quem a faz acontecer. Alexandre Rangel, filho de Wesley, ressalta a importância do filme para a história da música brasileira e seu impacto internacional.
O documentário também aborda a decadência da WR, um fenômeno que afetou outros estúdios com a mesma proposta. Apesar dos desafios, a WR continua em atividade, mantendo o ideal de Rangel de abrir portas para novos talentos.
"WR Discos - Uma Invenção Musical" busca financiamento para ser exibido em mais cinemas na Bahia. O filme terá uma nova exibição no Panorama Internacional Coisa de Cinema. Os diretores revelam que o projeto os inspirou a contar outras histórias sobre a Bahia.
A produção baiana conta com uma cena pós-crédito.



