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Melly comenta sobre mercado musical brasileiro: “Acaba querendo colocar você em certas caixinhas”

Publicado em 24/08/2024 às 03:04:57
Melly comenta sobre mercado musical brasileiro: “Acaba querendo colocar você em certas caixinhas”

Na indústria musical desde 2018, com o single “My Love”, a cantora e compositora baiana Melly, que lançou seu álbum de estreia “Amaríssima” em maio deste ano, conversou com o NotaBaiana sobre sua experiência no mercado musical. A artista ficou conhecida com o EP “Azul”, lançado em 2021, e desde então já gravou colaborações com Liniker, BaianaSystem e Saulo Fernandes.

Com três anos de experiências acumuladas entre o lançamento de seu primeiro EP até seu primeiro álbum, que passará em turnê pelo Brasil a partir do dia 30 de setembro, Melly revelou acreditar que o trabalho da arte é “transgredir” aquilo que se considera “normal e padrão”.

“Depois que eu lancei ‘Azul’, depois que eu consegui chegar em algum lugar com esse trabalho, eu percebi que, na maioria das vezes, as pessoas que fazem parte do que a gente chama de música no Brasil agora, costumam fazer a mesma coisa por ser o caminho mais seguro. Ou imitar o pop internacional, ou fazer o que tá no hype porque acha que fazer certas coisas tão diferentes vai ser limitar o trabalho”, confessou.

Ao NotaBaiana, a artista, que esteve no Festival SouJuvis no último fim de semana como convidada da banda ÀTTOOXXÁ, contou que tenta seguir seu coração e intuição, mas que é difícil. “O mercado acaba querendo colocar você em certas caixinhas. Querendo que você se mude pra São Paulo, que você faça uma música que seja mais comercial… tipo, ‘Não, bota essa palavra aqui nessa música, pro povo poder cantar’, como se a gente pudesse controlar o que o povo vai cantar, pudesse saber o que vai ser aceitável pro público”, revelou.

Dona dos hits “Bandida” e “Cacau”, Melly afirmou existir um movimento “excludente” na indústria de música pop produzida fora de grandes capitais do Sudeste, como Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. “Até quando a gente se denomina pop, eles [o mercado] colocam a gente em pop alternativo. O que eu vejo que eu faço é música pop, o que eu vejo que Uana faz em Recife, que é uma artista recifense que também canta pop, é pop né, mas colocam a gente em música regional. Duda Beat também é pop e acaba sendo colocada nessa caixinha de música regional”, afirmou a artista.

Como exemplo da ação do mercado sobre a produção musical dos artistas, Melly também citou a cantora mineira Marina Sena, que lançou o álbum “Vício Inerente”, em 2023. “Marina Sena teve que mudar completamente a estética do disco dela, do segundo disco dela [Vício Inerente], para se encaixar também na caixinha do pop e antes ela fazia música alternativa, MPB”, explicou.

Para Melly, a sua missão, como uma artista que pensa na “sensibilidade da música” é “transgredir essa regra” de “fazer o que todo mundo faz. “A gente tem que acreditar no que a gente veio pra fazer no mundo. Eu vim desse jeito nessa vida, vim preta, vim pretinha do meu cabelo cacheado, vim bissexual, não tinha o que fazer”, defendeu.

“Se eu tenho esse propósito, eu não vou deixar de ser quem eu sou pra poder chegar em algum lugar vazio. Acho que faz mais sentido que eu toque em uma pessoa, sendo verdadeiramente eu, do que em 300 milhões fazendo algo que eu não acredito”, completou Melly. Conforme a cantora, esse é seu movimento e o que tenta fazer todos os dias. “Eu tento fazer a música que eu acredito e só”, declarou.

Ao NotaBaiana, Melly ainda afirmou que outros artistas concordam com o pensamento e que espera que se fortaleçam. “Às vezes o dinheiro, o empresário, o mercado, quer mandar na arte, mandar na música, mas assim, a gente é muito humano, a gente é muito imperfeito para controlar algo que está acima da nossa capacidade, da nossa compreensão”, afirmou a artista.

Eduardo Spek - Engenheiro de Software
Eduardo Spek - Engenheiro de Software