Carlinhos Brown revela origem de 'instinto inovador' e celebra o movimento da Axé Music: "Tem repertório para 100 anos"

Publicado em 31/08/2024 às 03:03:44
Carlinhos Brown revela origem de 'instinto inovador' e celebra o movimento da Axé Music: "Tem repertório para 100 anos"

O ano de 2025 será ainda mais especial para o Carnaval de Salvador. Isso porquê, a Axé Music, um dos gêneros que dão o tom e a cara da festa completará 40 anos. Para Carlinhos Brown, um dos grandes representantes da cena, as quatro décadas de um movimento cultural mostra a potência e a importância do Axé para a cultura baiana.

Em entrevista ao BN, o artista, que é sempre lembrado pelo instinto inovador e que já fez da avenida um verdadeiro caldeirão de misturas, levando até mesmo o rock n' roll para o Carnaval, o Axé não precisa provar para quem tem dúvida se ele ainda existe.

Brown cita o repertório do movimento como uma prova de que ele já se fez eterno, tanto na música quanto para quem consome o produto final.

Foto: @philmakerr

"Axé Music é um movimento que tem repertório, a gente não precisa nem mais gravar coisa porque a gente tem repertório para 100 anos. A gente se renova com o Carnaval, quando nasce o Carnaval renasce o Axé, mas renasce num sentido de que essas músicas fazem parte do inconsciente coletivo e da alegria pessoal. Então o que é que a gente rebusca? Encher-se de novo, esvaziar-se para encher e encher de alegria", afirma.

Quanto a própria carreira, Brown explica de onde vem o instinto inovador que o persegue, afinal, foi assim que o cantor deixou a marca na música baiana com a criação da Timbalada em 1991, e no próprio Carnaval com a idealização do Arrastão da quarta-feira de Cinzas.

"É uma inquietude. Vamos dizer que é não aceitar-se um pouco. Isso é sucesso? Não, sucesso é você, verdadeiramente ter capacidade criativa, e o Carnaval cobra de você criatividade, e, como vamos dizer, me deram a corda para realizar isso, eu me coloco em um lugar assim. Eu gosto de fazer as músicas, gosto de participar com as pessoas, mas tem uma coisa em mim que é inquieta. Eu gosto do início. Eu gosto de arriscar. Eu gosto de fazer o que não foi feito."

Foto: @philmakerr

Longe de Salvador, o artista mostrou um pouco da inquietude dele com o Bahia Day, evento promovido pelo Esporte Clube Bahia em Manchester, que marca o início da temporada do Manchester City no primeiro jogo em casa e que chegou a 2ª edição em 2024.

Para Brown, o evento é mais uma prova de como a Bahia consegue exportar a cultura sem perder a essência e fazer com que nomes daqui se conectem com o resto do mundo, e tem potencial de se tornar uma grande marca da cultura baiana e do Esporte Clube Bahia na Europa.

"Eu tô fazendo uma coisa na Inglaterra que chama Bahia Day, já estamos no segundo ano. Imagina o que isso vai virar? Por enquanto é um palco pequeno sabe, não dava para levar todo mundo, mas esse ano já conseguimos levar o Olodum. Vamos dizer o que isso vai acontecer em 20 anos? Ali perto, tem um Carnaval em Londres que é o de Notting Hill, que é um carnaval do Caribe. E eles querem muito essa expertise de camarote, de como levar para rua, como relacionar-se com as marcas, e eu acho que nós temos essa preparação melhor de como levar esse conhecimento para internacionalizar o Carnaval."

Foto: Heber Barros

O Cacique acredita que esta é uma forma de passar o ensinamento aos europeus e a outros povos que tenham interesse em aprender como se fazer a maior festa de rua do mundo.

"É uma responsabilidade da Bahia, o nosso tempo e os nossas experimentações formatou em nós um profissionalismo muito eficiente, desde de uma construção de um artista a algo que seja importante. É uma ação social sim, tudo que nós fazemos na Bahia, por mais que algumas coisas levem tickets e outras não, porque tudo tem um custo, mas a conjunção e a coesão social é o que mais leva a Bahia é longe."